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Livro reflete sobre o planejamento urbanístico do campus e papel social dos espaços abertos da Unicamp

Sob a óptica da Arquitetura, o resgate do espaço público das cidades e o uso cidadão dos ambientes urbanos constituem o debate central de Por uma Arquitetura dos Espaços Abertos – a reabilitação do campus da Unicamp no século XXI, lançado em 2016 pela Editora da Unicamp, dentro da programação de eventos comemorativos aos 50 anos da Universidade. Escrita pela arquiteta Flávia Brito Garboggini, a obra apresenta o histórico da ocupação do campus ao longo de cinco décadas de existência, discute problemas urbanos enfrentados pela Universidade e apresenta cenários prospectivos possíveis para a qualificação socioambiental do campus pelo redesenho de seus espaços abertos. Disponível no catálogo da Editora da Unicamp, em breve o livro estará disponível em versão digital.

Baseada na tese de doutorado da pesquisadora, defendida em 2012 dentro do programa “Arquitetura, Tecnologia e Cidade” da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU) da Unicamp, a publicação traz conceitos gerais de Desenho Urbano e discute a complexidade contemporânea das cidades. O campus da Unicamp foi o fragmento escolhido pela pesquisadora, que também atua como arquiteta da Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi) da Unicamp. A metodologia utilizada no trabalho foi o de “pesquisa-ação”, com caráter teórico-prático, que explorou processos colaborativos de desenvolvimento de projetos urbanos, explica Flávia. “Partimos de um estudo de caso, especificamente sobre a área do Ciclo Básico e seu projeto de requalificação, mas observamos uma potencial discussão sobre como motivar a apropriação dos espaços de uso coletivo para ações de cidadania e socioambientais”, explica a pesquisadora, cuja tese, atualizada em linguagem e conteúdos para a versão livro, contou com orientação da professora Silvia Mikami Gonçalves Pina.

Flávia também observa que a valorização dos espaços abertos de uso coletivo foi incorporada de forma inédita como uma das prioridades da Universidade, a partir da última década, se tornando uma diretriz importante do Plano Diretor Integrado 2021-2031, que tem como meta promover a acessibilidade e qualificar os espaços de vivência universitária dos campi. “Na cultura das instituições de ensino público no Brasil, em especial nos campi  implantados em áreas isoladas da cidade, no Século XX   o foco residiu na implantação das edificações deslocadas, muitas vezes, de seus contextos locais. Em um momento de retorno presencial das atividades acadêmicas na Unicamp, após dois anos de trabalho remoto por conta da pandemia de Covid-19, vemos o quanto espaços abertos devem e estão assumindo um papel prioritário no planejamento integrado do campus”, analisa a pesquisadora. “É fundamental que arquitetos e urbanistas projetem, de forma colaborativa, espaços mais sustentáveis e acessíveis a todos , procurando viabilizar sistemas alternativos de mobilidade urbana que integrem o pedestre e o ciclista, com utilização racional de energia e recursos naturais , tendo como meta a criação de espaços que proporcionem e maior integração das pessoas no espaço universitário ”, conclui.

AC/SIARQ apoiou a pesquisa com fotos e documentos sobre a ocupação do campus 

A disponibilização de fotos e documentos históricos foi feita pelo AC/SIARQ em vários momentos da pesquisa. Flávia destaca o ineditismo da divulgação de parte do histórico da ocupação do campus. “Por meio desse atendimento, tivemos acesso à documentação sobre como as construções dos prédios eram encaminhadas e como a estrutura física do campus foi sendo concretizada. Informações sobre a atuação de João Carlos Bross, arquiteto e responsável pelo primeiro projeto urbanístico da Unicamp, também foram primordiais para o trabalho”. 

Além de seguir com seu trabalho como arquiteta, inserida no novo Plano Diretor Integrado do campus, Flávia também conta com o apoio do AC/SIARQ para um novo projeto: a elaboração do “Inventário do Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico da Unicamp”, a fim de propor diretrizes e preservar o que há de valor urbanístico e arquitetônico na Universidade.

Arte Publi FlaviaGarboggini

A crítica literária de Roberto Schwarz

A obra do crítico literário e sociólogo Roberto Schwarz foi tema da tese do jornalista e doutor em Letras Maurício Reimberg, defendida em 2019 no Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Schwarz, um dos principais intérpretes do romance de Machado de Assis, foi professor de Teoria Literária na USP e, posteriormente, na Unicamp, por onde se aposentou em 1992, mas seguiu como colaborador até 1997.

Embora tenha focado seus estudos na fase inicial de trabalho de Schwarz, isto é, os ensaios entre 1958 e 1968, Reimberg também recorreu ao acervo histórico do AC/SIARQ, onde teve acesso ao memorial do professor, plano de trabalho e relatórios de pesquisa. Um dos documentos que contribuíram para a análise do pesquisador foi o projeto de pesquisa apresentado à Unicamp por Schwarz em 1977. Naquele ano, logo após voltar do exílio na França, ele foi indicado pelo seu colega e mestre Antonio Candido para a função de professor no Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). “Esse material consultado lança as bases da parte final do ciclo machadiano de Schwarz, que se apresenta em Um mestre na periferia do capitalismo (1990)”.

Em seus estudos, Reimberg conta que, no início de carreira, Schwarz tinha o modelo europeu como referência de romance realista. De modo geral, o gênero se construía a partir de indivíduos fortes, autônomos e que venciam obstáculos para conseguir sucesso na sociedade burguesa, a exemplo do clássico Ilusões Perdidas, de Balzac. Quando se voltava para as obras brasileiras, Schwarz não reconhecia essa mesma complexidade social nos romances. “Isso começa a mudar, sobretudo, a partir de 1964, quando ele começa a entender como um romance realista brasileiro teria que passar pela invenção de novas categorias. É o caso do narrador ‘volúvel’ machadiano, que seria reinterpretado pelo crítico”, analisa. “Naquele momento, Schwarz fazia parte de um amplo esforço interdisciplinar que buscava conceituar a experiência social brasileira e suas especificidades. No seu caso, porém, não se trata de vincular Machado apenas ao Brasil. Através do Brasil, Machado fala do mundo. E é essa demonstração literária que faz dele um grande crítico”, afirma Reimberg. “A pesquisa no AC/SIARQ me ajudou a acompanhar essa formação da obra de Schwarz”.

Arte Publi GlebWataghin

Ayda Ignez Arruda e sua trajetória profissional e científica na Unicamp

Abordar historicamente a trajetória profissional e científica da professora catarinense Ayda Ignez Arruda (1936-1983), professora do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp, foi uma tarefa desafiadora para Suélen Machado, docente do Departamento de Matemática na Faculdade de Engenharia e Inovação Técnico Profissional (FEITEP) e pesquisadora na área de História da Matemática. Orientada por Lucieli Trivizoli na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Suélen defendeu a tese no fim de 2021, quando a Revista Brasileira de História da Matemática (ed. 41) publicou um artigo sobre pesquisa.

Ayda lecionava na área de Lógica e Fundamentos da Matemática. Participou do Grupo de Lógica de Campinas, fez intercâmbios e visitas a outras instituições, organizou eventos e seminários, foi membro fundadora do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE). Também atuou na criação da Sociedade Brasileira de Lógica (SBL), entidade criada em 1979, um “feito” na época para as mulheres, com iniciativas inclusive destacadas pela mídia. “O que me chamou a atenção e me fez decidir pelo estudo biográfico da Ayda foi seu legado e obras em tão pouco tempo de vida, pois faleceu com 47 anos, em plena atividade científica”, destaca a pesquisadora.

Mesmo em momento de pandemia, a Unicamp cedeu centenas de documentos a Suélen, por meio de atendimento remoto, o que possibilitou que a pesquisa avançasse. Ela buscou fontes documentais no CLE (Fundo AIA) e no AC/SIARQ. “Por meio dessas digitalizações, tive acesso, por exemplo, aos seus primeiros trabalhos publicados, sua trajetória profissional e acadêmica no Paraná (por meio da apresentação de seus currículos), relatórios de pesquisa e viagens, alunos que orientou e seu processo de vida funcional na Unicamp”. 

A entrada de Ayda na Unicamp se deu graças ao convite de Newton Carneiro Affonso da Costa, seu orientador e parceiro de pesquisas desde a década de 1960. Em 1968, já considerado pioneiro nos estudos de Lógica no país, Newton se mudou do Paraná para Campinas e, já na Unicamp, a indicou como professora. Ela deu sequência aos trabalhos que já desenvolvia em Curitiba: a promoção da lógica matemática e organização de eventos nacionais e internacionais, sendo grande difusora da área no país. “Pode-se afirmar que Ayda foi a primeira mulher a trabalhar com lógica matemática no Brasil”, confirma a pesquisadora. Para complementar a pesquisa, Suélen também conversou com uma das irmãs de Ayda, que reside em Curitiba-PR. Em breve, a tese deve ser publicada em formato de livro, a convite do CLE.

publiayda1

A trajetória de Gleb Wataghin e diplomacia científica

O físico russo-italiano Gleb Wataghin (1899-1986) é considerado pioneiro da física moderna no Brasil e formador das primeiras gerações do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP. Sua trajetória acadêmica, especialmente suas ações no Brasil entre 1934 e 1971, foram tema do doutorado de Luciana Vieira Souza da Silva. A tese foi defendida na Faculdade de Educação da USP em 2020 e contou com financiamento da FAPESP. Uma das fontes de pesquisa foi o Fundo Zeferino Vaz, que faz parte do acervo histórico do AC/SIARQ.

Formada em Licenciatura em Ciências da Natureza, Luciana começou a estudar história da ciência ainda na graduação. O mestrado focou em professores italianos convidados para lecionar na USP dos anos 30, especialmente em Letras e Ciências Exatas. Nesta última, dentro do grupo recém-chegado ao Brasil, estava Gleb Wataghin. No início da  década de 40, em um contexto de ruptura do envolvimento da comunidade científica com fascismo, todos os docentes vindos da Itália tiveram seus contratos encerrados, com exceção de Gleb, que continuou no Brasil. Esse fato despertou a atenção de Luciana, que focou seus estudos de doutorado na trajetória brasileira do físico. Ao longo da pesquisa, buscou compreender a atuação do cientista na formação das primeiras gerações de físicos do Departamento de Física da USP, como pioneiro nos estudos dos raios cósmicos no país. Entre seus alunos, estavam cientistas como Marcello Damy e Cesar Lattes que, contratados por Zeferino Vaz, fizeram parte da equipe de pioneiros da Unicamp na década de 1960.

Por meio de exemplos de como o cientista conduzia suas investigações e constituía suas redes de contatos e a circulação do conhecimento entre os países, a pesquisadora observou Gleb Wataghin atento à política externa e à importância da internacionalização como tática para seguir sua carreira acadêmica. “Intercâmbios, visitas diplomáticas e contatos com cientistas estadunidenses e franceses passaram a fazer parte da agenda do físico, que abriu caminhos para entendermos a relação entre ciência e diplomacia”, avalia a pesquisadora.

O ano de 1971 foi marcante para Wataghin e a Unicamp. Recebeu da Universidade o título de doutor honoris causa, o primeiro conferido pela jovem instituição. O Instituto de Física passou a se chamar “Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW)”, denominação que permanece até hoje. A foto levantada no AC/SIARQ em que Gleb aparece em frente ao IFGW foi o fechamento da tese de Luciana, não por acaso. “O reconhecimento de Wataghin como formador de diversos físicos em várias instituições, como a USP e a Unicamp, reflete como ele soube manter suas redes de contatos ativa no campo científico em vários países pelo qual passou”, analisa Luciana. 

O conjunto documental que deu base para a tese é composto por correspondências, documentos institucionais, jornais, entrevistas, artigos, relatórios, entre outros. No que tange ao trabalho desenvolvido nos arquivos e museus que visitou, Luciana destaca a importância dos profissionais de arquivo no atendimento ao pesquisador, baseado em diálogo e no interesse pelos temas pesquisados: “Chegamos ao arquivo, muitas vezes, apenas com documentos sinalizados em inventário, porém uma conversa com o profissional acaba resultando em buscas de documentos ainda mais interessantes e agregadores à pesquisa”, comemora Luciana.

Arte Publi GlebWataghin

Educação e Direitos Humanos: a percepção dos docentes da Unicamp

Descrever e analisar projetos de pesquisa e de extensão comunitária ligados aos Direitos Humanos na Unicamp sob o ponto de vista de produção e disseminação de conhecimento. Este foi o objetivo do trabalho de pesquisa de Thais Dibbern, que defendeu sua dissertação de mestrado em 2019, junto à Faculdade de Ciências Aplicadas. Orientada pela professora Milena Serafim, a pesquisadora também aplicou um questionário aplicado junto a docentes envolvidos nestas atividades, recorte do artigo publicado no periódico “Cadernos de Pesquisa”, da Fundação Carlos Chagas (ed. 178, 2020). “Cerca dos 80% dos participantes indicaram entraves no desenvolvimento de pesquisas e práticas de extensão em Direitos Humanos, embora esse seja um compromisso social assumido pela Universidade”, explica Thais. 

A pesquisadora também observou que grande parte das iniciativas vieram da área de humanidades ou interdisciplinares, sendo que muitas das ações partiram de grupos de pesquisa. “Os direitos humanos aparecem de forma mais frequente em projetos de extensão comunitária, cursos de extensão e eventos. Tanto documentos como questionários apontam que as iniciativas podem ser ampliadas, inclusive em outras áreas do conhecimento”, explica.

Thais começou a se interessar pela conexão entre educação e direitos humanos durante sua graduação em Gestão de Políticas Públicas, pela Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, onde defendeu seu mestrado em 2019. A escolha pelo tema da dissertação aconteceu no momento em que a Unicamp, em 2017, aderia ao Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos, bem como, no ano seguinte, a institucionalização do Observatório de Direitos Humanos. Thais pesquisou o ensino na Unicamp dentro de um recorte temporal: 2006 a 2017, a partir da criação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH).

O AC/SIARQ foi uma das fontes de dados para a pesquisa de ações, convênios e projetos. “Selecionei 80 palavras-chave para fazer as buscas, que se basearam essencialmente em processos. Sem a fonte documental do Siarq, certamente minha investigação estaria defasada”, comenta Thais, que atualmente é doutoranda em Política Científica e Tecnológica, junto ao Instituto de Geociências da Unicamp, e foca seus estudos sobre produção do conhecimento em Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Arte Post Thais Dh

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